terça-feira, 28 de junho de 2011

Me dói

Me dói. Me dói muito. E não sei onde. Me dói quando olho pra você, quando te vejo já de longe, de esmalte nas suas unhas encarceradas nos teus dedos tão monstruosamente pequeninos. Me dói saber que só te volto a ver quando já for tarde, e quando a dor se cansar de tanto me cansar. Tenho as mãos suadas e o coração a transpirar de tanto dar voltas e revira-voltas.
Dava tudo para saber estancar o palmo e meio de rasgo que me faz na carne, não para o fazer, mas só para saber como atuar em caso de extrema urgência, que de urgência já eu vivo.
Me dói muito, mas não sei onde. Se agora mesmo entrasse nas portas cansadas de um qualquer hospital, ficaria dia e meio para explicar onde e o que me dói. E ainda assim, dia e meio depois, estaria exatamente no mesmo ponto da conversa. Estaria de frente para uma bata branca, curvada de dores, de soro a violar o meu braço e o sangue, e de coração semi-risonho, como uma criança que faz das suas e olha para o lado para que ninguém a veja. "Juro que me dói senhor doutor, juro-lhe." De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu?
A dor que me causa passa os limites de cinco países juntos.
Apetece-me beber-te a conta-gotas.
Me dói. Me dói muito. E quando você me disser onde, vai doer muito mais.




Ariane Santiago

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Game Over

Fico sem chão para certas coisas.
Eles se prendem dentro de mim, mas não acho lugar para que eu possa soltá-los e me desprender.
Existe esse lugar?
Onde é o meu lugar?
E amanhã, como será?
Eles ainda vão continuar presos?
Vamos nos machucar mais uma vez?
Só estou querendo as respostas. Aquelas que eu não encontro em lugar algum.
O jogo acabou.
Game Over!




Ariane Santiago