quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Amores instantâneos

    Ontem, assistindo à comédia romântica “o amor pede passagem” [mega água com açúcar, nem Jennifer Aniston, a eterna Rachel de Friends, salvou] discutia, veementemente, com meu irmão. Ele morria de pena da ingenuidade do par romântico da moça e eu dizia: - ele é um otário!
    Se fosse Almodóvar, certamente, a mulher seria menos desesperada e mais fechada na própria saga, no máximo, daria um “UP” na auto-estima da coitada. Não terminaria no [clichê como presentear amante com lingerie] final feliz com o boçal em questão. Mas como era Hollywood, tome breguice! O que o meu maninho chamava de amor e de “que bonitinho”, eu classificava mentalmente como desespero.
     Desconfio de qualquer sentimento profundo demais para pouco tempo. Desconfio de grandes mudanças por amor, desconfio de mega declarações. Quem abandona tudo por esse tipo de sentimento instantâneo é porque simplesmente não tem nada a abandonar. Essa semana fui pedida em namoro por MSN. A menina passou uns dois dias e uma noite comigo há dois meses e algumas vezes eu a desbloqueio para trocarmos meia dúzia de monossílabos via web. Como assim está apaixonada por mim? Andou bebendo em pleno meio de semana, colega?
       Quando colei a conversa para uma amiga, ela comentou: -“Ai, que amor, Arii, é dessas que eu preciso, olha que linda, ela te ama.” Só eu enxergo que não passa de projeção e desespero? E sou sagaz para detectar onde está o problema.
       Quando alguém se apaixona, ou acha, por você com tamanha rapidez e intensidade, acredite,  é porque algum outro campo da vida da criatura está em derrocada. Ou os amigos estão se afastando e ela se sente sozinha, ou um parente próximo morreu, ou mesmo as coisas do cotidiano não vão bem como gostaria, como por exemplo, a escola. Então, numa atitude super lógica, resolve aliar a essa insatisfação um amor tipo miojo: dois minutos e tá pronto. Não preciso prever o final dessa história, NE?
        Não se sinta especial, podia ser tanto você como a moça da padaria, quem sorrisse primeiro levaria o brinde [estragado]. Não quero desfazer as ilusões como se eu não acreditasse em amor à primeira vista. Acredito super acredito, eu já tive doze anos. Entretanto, na adolescência, prefere levar ao pé da letra um ditado árabe ouvido e guardado há uma década: “desconfie da sorte, do amor e do governante, sobretudo quando estiverem sorrindo para você.”

                                                                                                                                   Ariane Santiago

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