sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

e a folha de São Paulo vai de mal a pior

Soube deste artigo, que saiu na Folha de São Paulo, dia 13 de setembro e fiquei chocada. Na verdade devía estar acostumada com esse jornalzinho de merda, mas ainda me surpreendo com a irresponsabilidade dos que proferem tais argumentos tão machistas. É muita cara de pau, colocar esse tipo de coisa assim: preto no branco!
Na minha opinião, esse tipo de sujeito devería reservar-se o dever de ficar calado visto que nada entende do que pensam e querem as mulheres.
Em primeiro lugar, as feministas não odeiam os homens. Apenas abominam o machismo.
A questão da depilação é algo cultural, somos o tempo todo influenciadas pela mídia e pelos padrões de comportamento impostos pela sociedade. E se as mulheres não quiserem depilar? Isso fará com que sejam menos mulheres?
Qual é esse conceito de ser mulher do Sr Pondé? Ser mulher é desejar ser mãe, cuidar para que sua aparência seja impecável, cuidar da família? Colocar a família sempre em primeiro lugar? É isso então?
Como se todas as outras coisas que uma mulher pudesse querer profissional ou sexualmente não fossem para ela, fossem exclusividade dos homens e, consequentemente, causa de sua frustração.
Pra mim, ser mulher é muito mais do que ser mãe, do que se preocupar com aparência e culinária. Acho que é preciso acabar essa divisão ridícula de determinadas coisas serem atribuídas ao sexo masculino e determinadas coisas ao sexo feminino. Isso é absurdo. Então só porque eu sou mulher não posso carregar um galão de água mineral? E só porque o Zé é homem não pode cozinhar o feijão? Igualdade entre os sexos é para todas as partes. Se as mulheres reclamam da dupla jornada é porque os machões como o Sr Pondé ainda não entenderam que precisam fazer dupla jornada também, o trabalho doméstico precisa ser dividido.
E ainda bem que não é preciso mais pagar um jantar para levar uma mulher para a cama. Então as mulheres não estão a venda não é mesmo? Viva a liberdade sexual, cada uma dá o que achar que deve. Sabem, tudo isso tem nome: um bando de machões bundões assustados. Esses alunos do tal professor Pondé são mais um monte de neocaretas apoiados pelo seu mestre. E assim caminha a humanidade.

Do que estou falando:

Folha de São Paulo - 13-09-2010

Restos à janela

Quais seriam os "direitos" em questão da mulher? De ser feia? De disputar o Prestobarba de manhã?

“Sou um tanto maníaco por detalhes. Às vezes, me pego pensando em Walter Benjamin, o grande pensador judeu alemão que se suicidou durante a Segunda Guerra Mundial, e entendo sua obsessão pelos detalhes do mundo.

A matéria de que é feita a consciência muitas vezes se encontra nos detalhes, principalmente nos restos do mundo, restos ridículos de um mundo em clara agonia. Hoje vou dar um exemplo de como uma migalha do mundo pode ser representativa do nosso ridículo.
O detalhe ridículo de hoje se refere a um novo movimento de conscientização que nasce. Vejamos.

O que haveria de errado em mulheres que querem atrair os homens e por isso se fazem bonitas? Macacas atraem macacos, aves fêmeas atraem aves machos.

Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia. É, caro leitor, se prepare para a nova onda feminista: mulheres peludas. Para essas neopeludas que não se depilam ter pelos significa ser consciente dos seus direitos.

Quais seriam esses "direitos"? De ser feia? De parecer com homens e disputar o Prestobarba de manhã? Antes, um reparo: "direitos" hoje é uma expressão que serve para tudo. Piolhos terão direitos, rúculas terão direitos, ratos já têm direitos. Temo que apenas os machos brancos heterossexuais não tenham direitos.

Pensou? Machista! Desejou? Machista! Deu um presente? Machista! Se você aceitar ser eunuco, obediente, desdentado e, antes de tudo, temer a fúria das mal-amadas, aí você será superlegal. De repente, elas exigirão uma sociedade onde todos terão seu Prestobarba. Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas.

Estou numa fase preocupado em ajudar o leitor a formar um repertório que escape do blá-blá-blá mais frequente por aí. Por isso, nas últimas semanas, tenho indicado leituras. Proponho hoje a leitura de "Feminist Fantasies" (fantasias feministas), de Phyllis Schlafly, cujo prefácio é assinado por Ann Coulter, a loira antifeminista que irrita a esquerdinha obamista, antes de tudo, porque é linda, com certeza.

Para piorar, Ann Coulter é inteligente e articulada. Mas, em se tratando de mulher, é antes de tudo a inveja pela beleza da outra que move o mundo a sua volta.

Dirão as ideólogas do "eunuco como modelo de homem" que a culpa é nossa (masculina) porque as mulheres querem nos seduzir e, aí, elas se batem na arena da sedução. Mas, se elas não quiserem nos seduzir, qual seria o destino de nossa espécie? Para que elas "serviriam"? Deveriam elas (as que querem ser bonitas para nós homens) ser condenadas porque são normais?

O primeiro artigo deste livro é já uma pérola de provocação: "All I Want Is a Husband" (tudo o que quero é um marido).

Contra a "política do ódio ao macho", nossa polemista afirma que a maioria das mulheres, sim, quer, antes de tudo, amor e lar.

Quando elas se lançam na busca do amor e sucesso profissional em "quantidades iguais", mergulham numa escolha infernal (a autora desenvolve a questão nos ensaios seguintes) que marca a desorientação contemporânea. O importante, antes de tudo, é não mentirmos sobre isso e iluminarmos a agonia da vida feminina quando submetida à "política do ódio ao macho".

A vida amorosa nunca foi feliz. E nunca será. Mas a mentira da "emancipação feminina" é não reconhecer que ela criou novas formas de vida para a mulher em troca de novas formas de agonia.

Diz um amigo meu que, pouco a pouco, as mulheres se tornam obsoletas. Por que não haveria mais razão para investir nelas?

Conversando sobre esses medos com alunos e alunas entre 19 e 21 anos, percebi que muito da "obsolescência da mulher" é consequência de três queixas masculinas básicas: 1. Elas são carreiristas; 2. Não valorizam a maternidade; 3. Não cuidam da vida cotidiana da família. Associando-se a este "tripé", o fato que elas começam a ganhar bem, nem um "jantar" é preciso pagar para levá-las à cama. Resultado: a facilidade no sexo de hoje é a solidão de amanhã.

Mergulhadas em suas exigências infinitas, morrem à janela, contabilizando as horas, contemplando o próprio reflexo.”
 



PS. Eu gostei do texto que foi escrito por Camila Furchi no site Ofensiva contra a Mercantilização em resposta a Pondé.


Ariane Santiago

Nenhum comentário:

Postar um comentário